O primeiro turno do Paranaense termina hoje no azul. As torcidas responderam ao novo regulamento – sem o malfadado supermando – e garantiram um pequeno reforço de caixa aos clubes. Com maiores ou menores cifras, ao menos nas bilheterias, as equipes tiveram lucro. Os borderôs confirmam a contabilidade positiva e servem para aliviar os demais – e altos – custos para a manutenção dos departamentos de futebol. Em dez rodadas, o valor total chegou a R$ 1.285.233,12, em 60 jogos. A exceção entre as 12 equipes foi o Iraty (veja reportagem nesta página), que amargou prejuízo na metade inicial do torneio. “Respeitando os nossos outros parceiros, temos dito que o torcedor é nosso maior patrocinador”, afirma o presidente do Operário, Carlos Roberto Yurk. O tom é de agradecimento. Afinal, a torcida dos Campos Gerais colocou a equipe na vice-liderança entre as bilheterias mais polpudas, com R$ 271.778 em cinco jogos no Germano Krüger. A equipe ponta-grossense supera até o Atlético e seus R$ 257.719,74 angariados no turno.
“[Esse valor] representa, seguramente, a garantia de metade das nossas despesas. É a torcida quem dá aquele algo a mais para mantermos nossas obrigações rigorosamente em dia”, reforça o dirigente do Operário.
O montante acumulado em Ponta Grossa fica atrás apenas dos R$ 293.107,60 arrecadados pelo líder de pontos e de renda Coritiba. Vale a ressalva de que o Atletiba da semana passada, no Couto Pereira, garantiu 80% desse total. Foram R$ 235.889,95 somados no jogo decisivo do último domingo, contra R$ 184.266,99 do primeiro clássico de 2010, disputado na Arena.
Os números aliviam algumas aberrações vistas no Estadual do ano passado. Sem poder mandar as partidas no seu estádio, o Engenheiro Beltrão, por exemplo, jogou em Rolândia. E chegou ao ápice do abandono ao enfrentar o Toledo diante de quatro “testemunhas” e um rombo de R$ 4.948,60 no Erick George.
O maior déficit em uma partida até agora foi registrado pelo Arapongas. Ainda sem o laudo necessário para estrear como mandante na segunda rodada, a equipe “recebeu” o Cianorte em Paranavaí e sofreu um prejuízo de R$ 4.661,10.
“Se não fosse isso, estaríamos bem melhores. Já no ano passado, mesmo na Divisão de Acesso, fizemos um levantamento e ficamos atrás apenas de Atlético, Coritiba e Operário. Esse interesse todo da torcida não é uma surpresa. Gostam muito de futebol aqui”, garante Ernesto Silveira, gerente administrativo do clube quarto colocado em arrecadação, com R$ 165.596,55.
Para manter a boa média, a equipe contratou uma empresa especializada em gramados para fugir do risco de ter de abandonar sua casa. O Estádio dos Pássaros tem o campo mais lastimável do campeonato, foi motivo de reclamação de todos os adversários e corre o risco de ser vetado para o jogo contra o Atlético, dia 6. “Faltam quase dez dias, estamos trabalhando com urgência porque não queremos perder esses 10 mil ingressos que serão vendidos com certeza”, complementa.
Além dos papões de bilheteria Operário e Arapongas, e de Coritiba e Atlético vivendo uma situação à parte graças aos seus programas de sócios, o restante das equipes festeja ter se livrado do vermelho. A situação está longe de resolver o apertado orçamento dos clubes, mas é melhor do que no Estadual 2010.
“Estamos felizes. Ano passado não foi assim. Muito jogos não cobriram sequer as despesas. Só não foi melhor agora pois temos uma limitação de 1.700 pagantes. Mas já está em andamento um projeto de ampliação do estádio”, conta Adir Kist, gerente de futebol do Cianorte, clube que embolsou R$ 29.270,75 na primeira fase.
“Melhorou em relação ao último campeonato, mas estou decepcionado com a torcida, pelo alto nível da competição”, cobra Nivaldo Mazin, presidente do Paranavaí, que completa. “Acredito que pode melhorar bastante no returno.” O desafio começa na próxima rodada.