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‘Herói olímpico’ ataca governo do PR

Antônio More/ Gazeta do PovoAos 44 anos, Vanderlei Cordeiro de Lima mantém a mesma aparência de nove anos atrás, quando ganhou o bronze na maratona dos Jogos Olímpicos de Atenas (2004), depois de ser atrapalhado pela invasão do escocês Cornelius Horan quando liderava a prova. Mas se a aparência pouco mudou, a tolerância aos rumos do atletismo, especialmente no Paraná, é outra. Habituado a falar com um ar tímido e otimista sobre o esporte, não hesitou, na entrevista concedida à Gazeta do Povo, em desaprovar acomodação dos atletas de hoje, dizer sentir vergonha pela próxima cidade-sede dos Jogos de 2016 não ter uma pista oficial e atacar a política esportiva do Paraná.

“Quando essa nova gestão assumiu, disseram que seria uma revolução no esporte. Estou esperando até agora”, abre o ex-maratonista, nascido em Cruzeiro do Oeste. Em 2011, ele foi padrinho do lançamento do projeto Talento Olímpico do Paraná 2016 (TOP 2016), que hoje destina cerca de R$ 10 milhões em bolsas para atletas do estado.
“Já temos projetos estruturados de atletismo no Paraná. Por que montar um Centro de Excelência da modalidade em Cascavel [que receberá um investimento total de R$ 23 milhões, com verbas federais e estaduais]? Por que não montá-lo em Paranavaí, em Campo Mourão, que têm revelado atletas da base para as seleções nacionais? Porque Cascavel é o reduto eleitoral do secretário [Evandro Rogério Roman]. Me frustrei com a atual gestão da Secretaria de Esportes. Política e esporte juntos não dá certo.”
Último atleta do Brasil a conquistar uma medalha olímpica nas provas de corrida, Lima está aposentado há cinco anos e reconhece que o país está atrasado na formação de novos talentos esportivos.
“O Brasil tem a renovação, mas ainda não está tendo os frutos. É um processo lento e deveria ter começado há muito tempo atrás. Não falo isso só sobre o atletismo, mas no esporte brasileiro. Vamos colher os frutos depois, em 2020, isso se tiver um trabalho de continuidade. Vim de uma geração muito mais competitiva [que a atual] nas provas de fundo. Isso não desmerece os atletas de hoje, mas não tenho como citar nomes que possam ser relevantes daqui para frente. Por termos poucos recursos, talvez nós valorizássemos o pouco que tínhamos. Hoje está tudo mais acessível, talvez por isso, os atletas não tenham dado tanto valor às oportunidades existentes nos esporte em geral”, cogita.
O ex-atleta também destaca que se tem dado mais atenção às obras dos megaeventos do que para a formação dos atletas que irão competir.
“É vergonhoso que a cidade-sede da próxima Olimpíada não tenha uma pista oficial de atletismo [a do Engenhão, está interditada, o Estádio Célio de Barros foi parcialmente demolido para obras da Copa e estima-se que R$ 10 milhões serão necessários para a reconstrução]. É falta de planejamento... E não é vergonhoso só para a comunidade de atletas local, mas também para o país. Muitas delegações têm vindo procurar informações para locais de aclimatação e não temos o que oferecer”.


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