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Oposição cobra saída de secretário estadual da Copa

Curitiba - O secretário de Estado especial para Assuntos da Copa do Mundo 2014, Mario Celso Cunha, chegou a sugerir para a diretoria do Atlético Paranaense que, se o clube não conseguisse honrar as dívidas com a finalização das obras na Arena da Baixada para o Mundial, o governo acabaria perdoando a conta. As declarações foram dadas em 2010, em uma reunião da diretoria do clube, antes de Cunha assumir a função no governo estadual, quando ele era vereador de Curitiba e ocupava a presidência da Comissão Especial para Assuntos da Copa dentro da Câmara Municipal. Na ocasião, ele propôs que o Atlético fizesse um empréstimo do poder público para concluir o estádio. O assunto se tornou público neste fim de semana, após a divulgação de um vídeo com o discurso de Cunha que começou a circular na imprensa. 

No vídeo, Cunha lembra que a própria Fifa colocou dinheiro em estádios da África do Sul, onde foi realizada a última Copa, e ressalta que o ex-presidente Lula falou que não teria como não investir dinheiro público nos estádios. O secretário estadual cogitou a possibilidade de não se pagar o financiamento que fosse adquirido para as obras, porque as dívidas seriam perdoadas. A Reportagem da FOLHA ligou diversas vezes durante o dia de ontem para Cunha, mas o seu celular estava fora de área ou desligado. 

Um dos deputados da bancada de oposição na Assembleia Legislativa (AL) do Paraná, Tadeu Veneri (PT) diz que, com essas declarações de Cunha que vieram à tona a continuação do secretário no governo estadual é uma situação insustentável. ''O incentivo ao crime é crime, fazer apologia à sonegação em um processo, deliberadamente, para retirar recursos públicos sem que haja compromisso de pagá-los não pode ser feito por um secretário de Estado. Ele tem duas alternativas: pedir a exoneração ou ser exonerado'', defende o deputado. 

O fato de Cunha ter feito as declarações em 2010, quando ainda não era secretário estadual, não ameniza a situação, na análise de Veneri, que pede um posicionamento do governador Beto Richa (PSDB). ''O governo do Estado tem que esclarecer isso, quem nomeou o secretário foi o governador e cabe a ele dizer o que acha'', avalia Veneri. Ontem, o governo não se pronunciou oficialmente sobre o assunto. A reportagem também não conseguiu entrar em contato com dirigentes do Atlético. 

Conta 

Serão necessários R$ 183 milhões para as obras da Arena, valor que será dividido entre o Atlético, a prefeitura de Curitiba e o governo do Estado. O poder público entra com R$ 92 milhões em títulos de potencial construtivo, que é um mecanismo utilizado pela prefeitura da Capital desde a década de 1980. Assim, uma construtora, por exemplo, pode adquirir o direito de construir um edifício mais alto e com maior área, em regiões determinadas pela Lei de Zoneamento, e, em troca, repassa dinheiro a uma obra de interesse público, como a restauração de prédios históricos. O restante do recurso, de responsabilidade do Atlético, será obtido por meio de financiamento com o BNDES.

Luciana Cristo  Equipe da Folha de Londrina
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