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Banheiros precários e insegurança afastam mulheres dos estádios

Albari Rosa / Gazeta do Povo / torcedora
Uma presença tímida, provocada essencialmente por banheiros precários e insegurança. Esse é o retrato da presença feminina nos estádios brasileiros, revelado em pesquisa da Pluri Consultoria em seis capitais. Ao todo, 1.140 mulheres foram entrevistadas em Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Salvador. O estudo foi divulgado ontem.
De acordo com o levantamento, apenas 6% das mulheres assistiram a um jogo de futebol no estádio nos últimos 24 meses. Um distanciamento ligado a conforto (condições dos sanitários e falta de cobertura nos estádios) e ao ambiente hostil (medo da violência). Somente depois vem um fator mais comum também entre o público masculino: preço dos ingressos.

“O caminho para atrair a mulher ao estádio é o banheiro, algo de investimento baixo. Tem de ser igual a banheiro de shopping”, explica o economista Fernando Ferreira, da Pluri.
A pesquisa sustenta essa declaração. Entre as entrevistadas que não frequentam estádios, 41% disseram que assistiríam a pelo menos um jogo in loco nos próximos 12 meses caso os problemas fossem resolvidos.
Com as mulheres no estádio, os clubes teriam outras frentes em potencial de captação de receita, tanto na venda de material esportivo quanto de pacotes de sócios.
“A última grande onda de crescimento do plano de sócios do Internacional foi focada na mulher. Elas consomem mais, a tevê procura mulheres no estádio para mostrar nas transmissões. O crescimento do faturamento com estádios na Europa tem relação direta com a presença feminina, que cria um ambiente mais familiar”, explica Ferreira.
Em Curitiba, o resultado apresenta algumas variações. A presença feminina é maior (10%) e a rejeição é mais ligada ainda ao conforto. Precariedade dos banheiros (85%) e falta de cobertura (41%) apresentam índices maiores do que nas outras cinco capitais. A quantidade de mulheres que não gostam de futebol também é maior: 47% a 38%.
“O curitibano, no geral, se envolve menos com futebol do que a média nacional. No caso das mulheres, a preocupação com aparência e a falta de estrutura é bem maior do que o sentimento de insegurança”, diz Ferreira.
Diretor de marketing do Atlético, Mauro Holzmann vê na Arena da Baixada um exemplo prático de como o conforto atrai o público feminino. Segundo o dirigente, a frequência cresceu a ponto de o clube viver períodos com proporção 50%-50% entre homens e mulheres nas arquibancadas. Tendência que deve ser retomada com a reinauguração do estádio em 2013.
“As mulheres se sentem à vontade para ir à Arena com os equipamentos disponíveis. Com uma estrutura ‘n’ vezes melhor, elas vão querer ir por causa de um restaurante, de uma loja. Não vão nem necessariamente ver o jogo”, projeta Holzmann.
A percepção jogo a jogo também indica o caminho a ser seguido no Paraná. Segundo o vice-presidente Luiz Carlos Casagrande, os novos banheiros da reforma de 2007, o desconto de 50% no ingresso feminino e a gratuidade para menores 12 anos atraiu mais mulheres para a Vila Capanema. Um movimento quebrado apenas em dia de frio e chuva. Problema que o clube pretende solucionar em breve.
“Há um projeto sendo trabalhado, estamos em fase de orçamento e ano que vem lançaremos uma campanha para levantar fundos que nos permitam cobrir a Curva Norte. Assim como foi na volta à Vila, precisaremos mais uma vez do apoio do nosso torcedor”, explicou o dirigente.
O Coritiba informou ter 30% do seu quadro associativo formado por mulheres. O clube tem plano de sócios específicos para mulheres e ações pontuais, tanto no estádio como em redes sociais. Sobre a estrutura do estádio, o departamento de marketing disse, via assessoria de imprensa, que o clube trabalha “sempre para melhorar o Couto Pereira, com recursos próprios e respeitando as exigências de sócios e torcedores”.

Fonte: Gazetadopovo
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