

Dentro de campo, Everton superou as adversidades do futebol de Bangladesh, como gramados ruins e disputas de bola contra jogadores fisicamente mais fortes. Acabou escolhido como revelação da Copa da Federação (que equivale à Copa do Brasil), após ajudar o Brothers Union a alcançar as semifinais da competição. O fato de ser brasileiro e o estilo de jogo ofensivo fez com que jornais do país até o comparassem ao português Cristiano Ronaldo - o que o próprio Everton minimiza.
- Não tem nem comparação. O jornal colocou minha foto ao lado da dele, mas não tem nem como. O Ronaldo é o melhor do mundo - resumiu o guarujaense, que também não esconde a admiração por outro nome badalado do futebol: Neymar. Não à toa, o estilo de moicano que possui segue a "moda" criada pelo astro do Santos.
- Já tinha esse cabelo antes de ir para lá (Bangladesh), mas não era um moicano tão grande. Mas depois que o Neymar fez, gerou a moda toda e eu achei que deixar o moicano maior ficaria legal. Às vezes, as pessoas por lá até me confundiam com o Neymar por causa do cabelo e por ser magrinho, mas só assim também (risos). Ele é extraordinário, diferenciado. Poucos têm a qualidade que o Neymar tem.Título e nova aventura
Ao final da temporada, veio a oportunidade para Everton trocar o Brothers Union pelo Sheik Jamal, considerado uma das potências do futebol em Bangladesh. E foi pelo novo clube que o guarujaense conquistou seus primeiros títulos como jogador profissional: a Pokhara Cup, torneio disputado no Nepal; e a Copa da Federação.
Em 2012, porém, Everton tornou a mudar de ares. De volta ao Brasil, recebeu de um ex-treinador no Sheik Jamal o convite para defender o All Youth Linkage, de Maldivas. O chamado empolgou o brasileiro, que imaginava ir para uma das equipes tradicionais da desconhecida liga asiática. Só que não era bem assim...- Agarrei a oportunidade nas Maldivas. Achei que estava indo para um time grande, de boa estatura. Mas na verdade eles estavam brigando para não cair para a segunda divisão (risos). Foi duro, mas graças a Deus, com esforço e determinação, mantivemos a equipe na primeira (divisão). Ficamos em quinto lugar na liga - recordou, destacando que a adaptação no país foi mais simples que em Bangladesh.
- As condições de vida são diferentes. A capital, Malé, é até um pouco parecida (com o Brasil) em termos de alimentação, por exemplo. É um país turístico, paradisíaco, muito lindo. As ilhas de Malé estão entre as mais belas do mundo. A adaptação foi rápida. Tem praia, o clima é bom e não é uma região muito quente - contou.
Sonho vivo
Everton voltou ao Brasil logo após o término do campeonato de Maldivas. O objetivo? Jogar no país, mesmo tendo dois convites para retornar ao futebol asiático. Apesar dos 28 anos, o meia mantém o sonho de criança, que é chegar à seleção brasileira. Almeja até mesmo vestir outra vez a camisa do Santos. Ambiente não lhe faltaria na Vila Belmiro - onde conversou com a reportagem do GLOBOESPORTE.COM - já que mesmo oito anos depois de deixar o clube, ainda tem o rosto conhecido entre funcionários do Peixe.
- Nasci são-paulino, mas pela forma como fui recebido no Santos, a gente meio que esquece esse lado de torcedor. Quando entrei na Vila e vi o gramado, dava até vontade de chorar. A vontade é grande (de retornar). É um sonho, tanto jogar no Santos como na Seleção. E como sou brasileiro, não desisto nunca.